Faz menos de um mês que eu cheguei na Virginia, e na mesma semana meu chefe me pediu pra representar ele numa viagem pra Nicaragua. Quando eu disse sim, eu não sabia o que me esperava!
As semanas seguintes foram corridas, tentando achar uma casa, aprendendo uma nova função no serviço, planejando estratégias para o novo semestre, tentando entender a cidade pra poder sair sem usar o GPS o tempo inteiro... enfim. Nessa correria, mal tive tempo de pesquisar sobre o meu destino, e quando eu menos esperava, me encontrei no aeroporto, embarcando para Nicaragua.
Dia 1: Quando eu cheguei, o choque foi de primeira. Quando eu pensava em Nicaragua, eu pensava que encontraria uma versão de Brasil com sotaque espanhol. Mas o que eu encontrei, era tudo o que eu imaginava: de África - e olha que eu jurei que não iria pra África!
Nosso motorista estava nos esperando no aeroporto em Managua, pra nos levar ao hotel em Masaya - mais ou menos 1 hora de carro. No caminho para o hotel, eu já podia ver a realidade - casas muito simples, estradas muitos sujas, e um povo sofrido, mas com um sorriso no rosto.
Pensar que eu ia ficar num hotel me deu uma paz, afinal de contas... pra quem me conhece sabe que eu não durmo em qualquer lugar, ou qualquer hotel. Quando eu cheguei lá, o hotel era bem diferente do que eu imaginava. Parecia mais um acampamento com dormitórios. O chuveiro era frio, mas com um calor de 40 graus, quem precisa de água quente? rsrs. Enfim, de cara eu poderia fazer uma lista de problemas com o hotel. Mas eu estava tão cansada da viagem e já com a agenda cheia que quando fui dormir, adormeci em menos de 5 minutos.

Dia 4: Segunda-feira fiz parte da equipe médica. Fomos para um povoado bem carente e montamos um "posto de saúde" na igreja. Uma equipe de médicos, enfermeiras e voluntários ficou na igreja e várias equipes menores foram fazer visitas as casas. Eu fui com uma equipe fazer visitas. Visitamos várias casas levando remédios, vitaminas, escovas e pastas de dente, e Bíblias. A necessidade é muito grande. Cada casa que entravamos tinham várias famílias morando na mesma casa. A higiene muito precária, e todas as casas tinham várias pessoas doentes. É de quebrar o coração! Geralmente tinha um "banheiro" por casa, e um tanque com água que servia pra tudo, de comida, banho, a descarga. A maioria das casas eram de chão batido, com paredes de telhas, ou sacos, e no mesmo quarto que morava a família toda, também ficavam os animais. Em algumas das casas eu vi porco e galinha, no mesmo lugar onde a família vive - e sim, todos num quartinho só pra tudo. Vermes, desnutrição, desidratação, diabete e hipertensão eram os problemas mais frequentes.
Dia 5: No último dia, fiz parte novamente da distribuição de Bíblias, e assim como com a equipe médica, visitei muitas casas e e muitas famílias, ouvindo um pouco da história de cada um e de suas necessidades. A tarde fizemos apresentações para crianças de um bairro e visitamos uma lagoa vulcânica - linda!!! A noite eu tive reunião com a junta da convenção da Igreja Quadrangular de Nicaragua, onde apresentamos o nosso projeto. E a noite eu tive o privilégio de pregar no culto.
Dia 6: As 7:00 da manhã eu embarquei de volta pra casa.
O que eu aprendi na Nicaragua:
Tudo é questão de perspectiva. Quando eu cheguei no hotel, eu poderia listar os defeitos. Depois que visitei as casas das pessoas, eu vi que eu era abençoada demais e não tinha motivos pra reclamar. Vi que água encanada, chuveiro, descarga, luz, cama, ar condicionado e água potável são luxo. E a gente sempre acha que temos o "direito."

Uma Bíblia faz diferença! A maioria das famílias que visitamos não tinham Bíblias em casa e nem qualquer outro livro. Ter uma Bíblia trouxe sorriso e lágrimas de alegria para muitas casas. Uma senhorinha de 90 anos, crente por muitos anos, chorou quando segurou a sua primeira Bíblia, e fazer parte disso, e contribuir para este momento, realmente não tem preço!
As pessoas estão sedentas. Elas estão lá, esperando que alguém bata na sua porta e lhes mostre o caminho. Elas estão esperando que alguém bata e lhes mostre o amor de Deus, seja em forma de oração, um pirulito, ou remédio para vermes.
Sair da nossa zona de conforto não é divertido e as vezes até dói as costas, e os pés, mas produz sensibilidade e nos faz crescer.
Eu posso fazer a diferença na vida de alguém. Você também pode! Por mais simples que seja o ato, eu e você podemos fazer a diferença! Quantas Bíblias você tem em casa? Você está quentinha(o) nesse inverno? Tem remédio pra dor de cabeça? Ah aquela sobremesa de Domingo! Que tal repartir algumas dessas coisas com alguém que não tem e precisa mais do que você? Olhe a sua volta com um olhar de Cristo, e esta semana experimente ser a presença de Cristo por onde você passar. Se pergunte diariamente, o que Jesus faria no meu lugar? Abandone seu olhar crítico e suas reclamações e experimente um olhar de bondade e misericórdia. Doe amor e compaixão e seja a presença de Deus por onde você passar.
A Nicaragua precisa de ajuda, e eu e você podemos fazer a diferença. Estamos trabalhando num projeto missionário, e assim que o plano estiver no lugar vou compartilhar com vocês para que vocês também possam fazer parte desse projeto e trazer sorrisos e a palavra de Deus para aquele país.
No primeiro dia meu pensamento era, onde eu vim parar? Quando eu estava arrumando minhas malas para ir pro aeroporto tudo tinha mudado. Eu sabia que eu iria voltar, e que um pedaço do meu coração iria ficar.
Assista um pouco da minha experiência na Nicaragua aqui:
Nicaragua 2015 Parte 1
Nicaragua 2015 Parte 2
Nicaragua 2015 Parte 3
Beijos!
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